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quarta-feira, 23 de agosto de 2017

CORRUPÇÃO PASSOU A SER QUASE BASE DE SUSTENTAÇÃO DO PODER.

Segundo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Lava Jato teve o mérito de expor essa ferida.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso considera a Operação Lava Jato um “marco”, de “importância enorme”, porque revelou a corrupção — não a individual — mas aquela que foi progressivamente se transformando num sistema generalizado.
“A corrupção, e não quero exagerar, passou a ser quase base de sustentação do poder”, afirma o ex-presidente. “A lição da Lava Jato foi muito significativa. Foi um marco porque mostrou: olha o que é, olha o que vocês são”.
A análise do ex-presidente foi feita ao final do evento “As lições da Lava Jato e os avanços e desafios no combate à corrupção”, organizado pelo JOTA, em parceria com a Fundação FHC.
A corrupção sistêmica, segundo FHC, não é inteiramente nova. Já era possível notar seu germe há algumas décadas. Ele conta que na época do escândalo dos Anões do Orçamento quase caiu da liderança do MDB porque indicou uma pessoa correta para ocupar a presidência da comissão do Orçamento, onde “interesses políticos e das empresas se juntavam”.
Para o ex-presidente, o grande problema é que nunca pensamos na questão que foi a mãe da corrupção atual: como é que se financia a democracia? “O Congresso está discutindo isso agora da maneira mais simplória possível. Quem financia é o Tesouro Nacional e imposto. E imposto é o povo. Ninguém está discutindo como reduzir os custos da campanha”, critica.
Já no campo da Justiça, o momento, agora, é de equilíbrio. “Não quer dizer impunidade nem vingança. Por causa do que foi descoberto há um sentimento na sociedade que é de vingança, o que também não é aceitável. Isso deu uma relevância também ao papel do Judiciário. O Judiciário tem que ter sua relevância na decisão ponderada”, diz.
Limite para o Supremo
No passado, diz FHC, não se conhecia o nome de quase nenhum ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), enquanto agora sabe-se de todos de cor. Em compensação, sabia-se os nomes de todos comandantes de região e dos principais generais. “Isso foi um avanço enorme. Eles continuam tendo relevância na esfera deles, mas não precisamos imaginar que essa esfera vá extrapolar”, afirma.
“A nossa tensão no passado era permanente não porque o STF ia legislar e não o Congresso. Mas porque eram os militares que iam tomar uma decisão, não o Congresso, não o Supremo, nem coisa nenhuma. Isso acabou. O que temos que fazer agora é reequilibrar os poderes”, diz.
Na visão do ex-presidente, deveria haver no STF, assim como no Congresso, uma limitação de tempo na fala dos ministros. “A população não apreende porque não tem paciência para ouvir um palavrório que não diz muita coisa. Pode ser dita de maneira mais fácil, mais direta”, opina.
Sobre o avanço de juízes em pesquisas eleitorais, FHC se mostra cético. “Se vocês forem ver as pesquisas hoje quem o povo acha que pode ser presidente da República? Os juízes. E certamente se forem para a presidência vai ser um desastre”, diz. “Da mesma maneira que se me colocarem lá no STF vai dar vergonha do que eu vou dizer por lá”.

Fonte: Kalleo Coura/Jota.info


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