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sexta-feira, 4 de setembro de 2015

RECEITA FEDERAL INTIMARÁ GRANDES DEVEDORES PARA COBRAR R$ 20,6 BILHÕES.

Cobrança especial de grandes devedores foi publicada no 'Diário Oficial'.
432 empresas e pessoas físicas serão intimadas pela Receita Federal.

O governo continua se movimentando para melhorar a arrecadação em um momento de recessão na economia brasileira e de dificuldades nas contas públicas.
Segundo portaria publicada nesta sexta-feira (4) no “Diário Oficial da União”, a Receita Federal está instituindo um programa especial de cobrança de grandes devedores da União – que intimará 432 grandes contribuintes nas próximas semanas, incluindo pessoas físicas e jurídicas, para cobrar R$ 20,6 bilhões em dívidas em atraso.
De acordo com a portaria 1.265, esse programa visa "aprimorar os procedimentos de recuperação de créditos tributários e, consequentemente, promover o aumento e a sustentação da arrecadação dos tributos federais".
Sem possibilidade de recursos na esfera administrativa
De acordo com João Paulo Martins da Silva, coordenador-geral de Arrecadação e Cobrança do Fisco, essas cobranças referem-se a processos nos quais já se esgotaram os recursos, dos contribuintes, na fase administrativa. "São processos de vários anos. Só que chegaram a um estágio de não ter mais nenhum tipo de recursos [na esfera administrativa]. Na justiça, o contribuinte pode entrar sempre, mas, muitas vezes, é exigido um depósito em um montante", explicou ele.
Martins explicou que o Fisco procurou, com esse programa especial para grandes devedores, sistematizar procedimentos de cobrança que já existiam. "Não são leis recentes, mas a gente está organizando todas penalidades de contribuintes que devem para a Receita. E aplicando todas as medidas [punitivas] de maneira sistemática. Aquelas medidas que retiram benefícios que o contribuinte tem", explicou ele.
Punições
Caso o contribuinte não regularize a sua dívida, informou a Receita Federal, serão adotadas as medidas previstas, que incluem a inscrição no Cadastro Informativo de Créditos Não Quitados do Setor Público Federal (Cadin), a exclusão de parcelamentos especiais, o arrolamento de bens e direitos, a exclusão de benefícios ou incentivos fiscais, a representação fiscal para fins penais, a comunicação à agências reguladoras para a revogação de permissões e concessões públicas, entre outras.
No caso de empresas, acrescentou o Fisco, os procedimentos da cobrança administrativa especial também serão aplicados aos sócios que responderem solidariamente pela dívida.
"A gente não pode dar benefícios para quem não paga sua divida", explicou o coordenador-geral de Arrecadação e Cobrança da Receita Federal. João Paulo Martins informou que cada delegacia regional vai chamar seus maiores devedores, que terão 30 dias para regularizar suas dívidas. O contribuinte pode optar por pagar à vista ou aderir ao parcelamento tradicional do Fisco, em até 60 meses, mas não terá direito a abater multas e juors.
Dificuldades nas contas públicas
As intimações aos grandes devedores estão sendo enviadas em um momento de dificuldade nas contas públicas. Em 2014, o setor público registrou um déficit primário inédito de R$ 32,53 bilhões, ou 0,63% do PIB.
Para este ano, a meta inicial era de um superávit de R$ 66,3 bilhões, ou 1,2% do PIB, mas o governo revisou este objetivo para um resultado positivo de 0,15% do PIB - o equivalente a R$ 8,74 bilhões.
Nesta semana, a proposta de orçamento de 2016 foi enviada ao Congresso Nacional com a estimativa de déficit (despesas maiores do que receitas) pela primeira vez na história. A meta fiscal é de um resultado negativo de R$ 30,5 bilhões para o governo, ou 0,5% do PIB, no ano que vem.
"A gente não tem uma expectativa direta para esses processos. A gente quer melhorar recuperação. Não tem nada previsto no orçamento do ano que vem [de arrecadação com estes programa]", declarou Martins, da Receita Federal.

fonte: Alexandro Martello/http://g1.globo.com/

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