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domingo, 20 de julho de 2014

FOMOS QUASE DEZ.

Confesso que fui um entusiasta em prol da realização da Copa do Mundo em nosso país. E muito mais feliz fiquei quando Natal foi escolhida como uma das capitais para sediar o magnífico evento. No ano de 2009, então comandando a Procuradoria Geral do Estado, fui chamado a participar do conjunto da obra, pois um dos segmentos que se apresentavam mais complexos era exatamente aquele vinculado a área jurídica. Licitações, contratos, convênios, regularização fundiária, etc, eis o imbróglio. Concitei os colegas procuradores e deles obtive o ânimo da participação e colaboração. Naquele momento uma diminuta, porém, brava resistência, se emoldurava defendendo a permanência do velho Machadão, enquanto outros ensaiavam irresignações em face do com o custo das obras. Tudo compunha uma aquarela de visual tenebroso, em oposição ao lindo quadro de sucesso que se delineava, sobretudo ante a possibilidade de conclusão do complexo Arena das Dunas para em março de 2013. Isto permitiria lançar a imagem de Natal para o mundo antes que o fizesse as demais sedes.
O fato é que apesar das resistências as obras foram iniciadas. Reformas ou construções de novos estádios, obras de mobilidade e estruturantes, como vias, reformas ou ampliação de aeroportos, ou até mesmo a conclusão de um aeroporto encalhado, como no caso do Rio Grande do Norte, verificaram-se. Acontece que, na medida em que todo esse conjunto de obras avançava, igualmente incrementavam-se as manifestações contrárias à realização da Copa, agora ancoradas nos protestos populares, mais especificamente naqueles segmentos do quanto pior melhor. Neste novo momento os caóticos alardeavam que nem os estádios, nem as obras de mobilidades, nem as estruturantes seriam concluídas em tempo de recepcionar o evento. Adicionalmente essa banda antipatriótica, não se contendo em sua sanha deletéria, regozijava-se ao repercutir, escandalizando, cada notícia desfavorável divulgada pela mídia internacional que, aliás, foi pródiga em tal mister.
Para agravar o quadro entrou em cena a questão política, com foco na sucessão presidencial. Editorialistas evocavam a falácia atribuída a De Gaulle, mascarando o próprio complexo de inferioridade patológica, para ajudar a compor o caldo de cultura desfavorável ao magnânimo evento. A coisa piorou quando a presidente Dilma Rousseff antecipou que esta seria a Copa da diversidade, da paz, do entendimento, enfim, a Copa das Copas. Com este pronunciamento Sua Excelência atraiu para si a fúria dos apocalípticos que politizaram o debate, ancorando a oposição, que por sua vez vibrando com tal apoio foi incapaz de recriminar a cena vergonhosa protagonizada diante do mundo na abertura do grande evento. Mas, apesar de tudo o ganho dos brasileiros não se deu nos trinta bilhões de reais injetados na economia. O sucesso maior se deu mesmo foi no plano da imaterialidade. Noventa e cinco por cento dos turistas manifestaram o desejo de retornar ao País.
O mundo, então, voltou os olhos para o Brasil por um mês. E isto não tem preço. E cá pra nós, nós também demos o nosso showzinho. Nossas Arenas foram concluídas e funcionaram maravilhosamente; recebemos bem os nossos visitantes, propiciando um convívio bacana entre as nacionalidades nas ruas, nos bares, nos restaurantes e nos estádios; nestes, nem se fala, foi só alegria. Fomos extremamente gentis, aprendemos a conviver com a civilidade e por tudo isto estamos recebendo como retribuição, simpatia e generosidade. A organização do evento também merece aplausos e a segurança privada e institucional também, posto que a violência apocalíptica não rendeu. O bom de tudo é que a gente brasileira passa a ser vista de modo diferente, sem o estigma que o espírito de “vira lata”, tentou disseminar. Aproveito o ensejo para realçar o caráter pedagógico irradiado por duas nações: Alemanha, que valorizou a cultura dos nossos indígenas e a nação japonesa, que na nossa Arena portou sacos para colher o lixo que produziram; e o melhor, aproveitaram e colheram o nosso também. Enfim, fomos quase dez. Eis o nosso troféu!

Fonte: Francisco de Sales Matos - Procurador do Estado do RN e Professor da UFRN/http://tribunadonorte.com.br/

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