Na definição de Nelson Rodrigues, o ministro não passa de um contínuo com direito a cafezinho, água gelada e carro oficial. Sem mencionar o ‘Bolsa FAB’, diria o cronista se estivesse vivo.
Pois bem. Titular da pasta da Justiça, o petista José Eduardo Cardozo imaginou-se dotado de uma grandeza que fazia dele um ser sobre-humano. Achava que não devia nada a ninguém. Muito menos explicações.
Em março, Cardozo foi convidado a prestar esclarecimentos sobre o Arquivo Nacional na Comissão de Educação do Senado. Na data marcada, não deu as caras. Reconvidado, deu de ombros.
Embroma daqui, enrola dali, a assessoria do doutor sugeriu aos senadores que fossem ouvi-lo no Ministério da Justiça. Foi a última gota. No final de junho, a paciência da comissão entornou.
Aprovou-se requerimento transformando o “convite” numa “convocação”. A senadora Ana Amélia (PP-RS), uma das signatárias do pedido, chamou o pouco caso de Cardozo pelo nome próprio: “desrespeito.”
O “convocado” Cardozo vai ao Senado nesta terça (16). Os senadores já não querem ouvi-lo apenas sobre a gestão do Arquivo Nacional. As encrencas avolumaram-se ao seu redor: a morte de um índio em operação da PF, a espionagem dos EUA, o inquérito sobre os boatos do Bolsa Família…
Tomado pelo conceito que faz de si mesmo, o ministro Cardozo tem absoluta certeza de que veio ao mundo como exemplo. Se for mesmo apertado no Senado, terá a oportunidade de dizer de quê.
Fonte: Josias de Souza
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