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sexta-feira, 19 de julho de 2013

APÓS PROTESTOS, PT CANCELA SEMINÁRIOS FESTIVOS E MARCA "ÚLTIMO" ATO COM LULA E DILMA, NA BAHIA.

Os protestos de rua atropelaram a programação festiva que o PT idealizara para o ano pré-eleitoral de 2013. No ano em que completou 33 anos de fundação, o partido programara 13 seminários para celebrar os seus 10 anos no poder federal. Realizou apenas cinco. Marcou para quarta-feira (24) da semana que vem, em Salvador, o “ato que encerrará o ciclo de comemorações”. Sem maiores explicações, a legenda cancelou sete seminários.
Lula e Dilma Rousseff confirmaram presença no evento de Salvador. Será a primeira aparição pública dos dois desde o início das manifestações. Deveriam ter estrelado um seminário em Goiânia, no dia 20 de junho. Porém, a capital de Goiás foi sacudida por um protesto de rua nesse dia. E o PT preferiu “adiar” o ato, agora definitivamente cancelado.
O primeiro dos 13 seminários programados inicialmente ocorreu em São Paulo, em 20 de fevereiro. Serviu para que Lula lançasse a recandidatura de Dilma. Secretário nacional de Organização do PT, Paulo Frateschi explicou na época: “Nós estamos programando uma série de seminários, e vamos tentar correr todas as regiões do Brasil, pra que a gente possa começar a construir a nossa narrativa sobre o governo democrático e popular que nós lideramos durante esses dez anos.”
Frateschi dizia que o partido colecionara “uma quantidade de dados enorme”. Dados que, segundo ele, atestavam o êxito dos governos Lula e Dilma. De repente, a insatisfação foi às ruas. Dilma despencou nas pesquisas. Lula arrependeu-se de ter precipitado a campanha. O PT tornou-se uma legenda sem roteiro. A falência do discurso baseado na teoria do “sucesso inquestionável” ficou evidenciada no seminário de Curitiba, ocorrido em 13 de junho.
Nesse dia, o asfalto fervia em São Paulo. E Lula, discursando na capital paranaense ao lado de Dilma, divertia a plateia falando sobre a popularidade de sua sucessora: “Se não tomar cuidado, a baixinha vai passar dos 100%. E não pode, só pode até 100”. Decorridos 15 dias, o Datafolha informaria que a taxa de aprovação de Dilma despencara 27 pontos –de 57% para 30%. A taxa de intenções de votos da “baixinha” ruiu de 51% para 30%.
No mesmo discurso paranaense, Lula soara premonitório. Criticara a mídia, “a verdadeira oposição nesse país.” E ironizara: “Parem de contar mentira, porque esse povo já aprendeu a pensar com a sua própria cabeça, de forma independente. Esse povo não se deixa mais enganar como antigamente… Esse povo tem outros instrumentos de comunicação para ter acesso à informação.”
Suprema ironia: pelo Facebook, seu “instrumento de comunicação” predileto, o pedaço mais jovem “desse povo” programava manifestações que levariam mais de 1 milhão de brasileiros ao asfalto, num movimento que roeu as certezas e engolfou as autoridades constituídas, entre elas a “baixinha”, cuja estatura foi reajustada.
Nos cinco dos 13 seminários que conseguiu realizar, o PT seguiu um roteiro invariável. Escolhia a área do governo cujos feitos pretendia exaltar e escalava o ministro responsável pelo setor para abrir o falatório. Para o evento de Salvador, providenciou-se um ajuste. Em vez de tratar de programas oficiais, o PT falará de “participação popular e movimentos sociais”. No dizer de Jonas Paulo, presidente do PT na Bahia, o tema escolhido “reforça a preocupação do nosso partido com o atual cenário político vivido pelo país.”
Escalou-se para inaugurar o trololó o ministro Gilberto Carvalho (Secretário-Geral da Presidência). É ele o responsável no governo pelos contatos com centrais sindicais e ONGs. Para simbolizar a conexão do partido com a sociedade, convidaram-se representantes de entidades que, nos últimos dez anos, vincularam-se monetariamente aos governos petistas: “movimentos sociais, centrais sindicais, movimentos pela terra e movimentos estudantis”.
Neste sábado (20), a cinco dias do derradeiro seminário, o PT reúne em Brasília o seu diretório nacional. Convidada, Dilma é aguardada. Mas não havia confirmado sua presença até o início da noite desta sexta (19). A crise de identidade do partido estará no centro da agenda. Prepara-se uma resolução a ser votada pelo diretório. No texto, o PT deve fazer uma leitura dos protestos de rua.
O partido ecoará a versão edulcorada que Lula e Dilma construíram junto com o marqueteiro João Sanatana no alvorecer das manifestações. Nessa versão, o “sucesso” dos governos do PT teria levado a juventude às ruas para reivindicar “mais avanços”.
Ou seja: num instante em que o ex-favoritismo de Dilma derrete, o PT se esquiva da autocrítica e tenta se apresentar como parte da solução, não do problema. As pesquisas indicam que, por ora, não colou. Como diria Lula, “esse povo não se deixa mais enganar como antigamente.”

Fonte: Josias de Souza

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