Condenado no mensalão queria se beneficiar em todos os inquéritos.
Procuradoria informou que isso só seria possível em um, e ele rejeitou.
A Procuradoria da República no Distrito Federal confirmou nesta quarta-feira (5) que Marcos Valério, condenado no Supremo Tribunal Federal (STF) como operador do mensalão, não aceitou o acordo de delação premiada proposto pelo Ministério Público Federal em inquérito que apura suposto repasse indevido de uma fornecedora da Portugal Telecom ao Partido dos Trabalhadores (PT).
A informação foi publicada na edição desta quarta do jornal "Folha de S.Paulo". A delação premiada poderia ajudar a reduzir possível pena de Valério.
A investigação sobre os repasses ao PT foi aberta pela Polícia Federal após declarações de Valério à Procuradoria Geral da República, durante o julgamento do mensalão no ano passado.
Na ocasião, Valério disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia do esquema de compra de votos no Congresso e que se beneficiou das fraudes.
Ao todo, seis procedimentos foram instaurados após o depoimento à PGR. Um deles é o que apura o suposto repasse de US$ 7 milhões de uma fornecedora da Portugal Telecom em Macau (China) para o PT, por meio de contas no exterior. A Procuradoria não confirma se Lula é investigado no caso.
Segundo a Procuradoria, a proposta foi feita durante depoimento de Valério em abril na Polícia Federal de Belo Horizonte.
O Ministério Público informou que o procurador da República Francisco Guilherme Bastos acompanhou o depoimento à PF a pedido da defesa de Valério. O procurador ofereceu a delação para que Marcos Valério falasse mais do que disse à Procuradoria Geral da República. Com isso, ele poderia se beneficiar na investigação sobre os repasses ao PT.
Valério queria que o benefício se estendesse para todos os inquéritos aos quais ele responde. O procurador informou, conforme a assessoria, que isso era juridicamente impossível. Marcos Valério, então, rejeitou o acordo.
Ainda conforme a Procuradoria, as investigações sobre o caso prosseguirão mesmo sem a colaboração de Marcos Valério. Durante o julgamento do processo do mensalão, no ano passado, Marcos Valério foi condenado a mais de 40 anos de prisão.
Fonte: G1
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