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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

CAMPOS TOMA DISTÂNCIA DA ENCRENCA DA CÂMARA.

Paulo Mendes Campos contou numa crônica que o pintor Augusto Rodrigues viajava pelo sertão de Pernambuco quando sofreu um contratempo no automóvel. Enquanto esperava pelo conserto, entrou numa tapera. Para matar o tempo, pôs-se a entreter a caçula de numerosa família. Lero vai, lero vem fez uma pergunta clássica: de quem você gosta mais, do papai ou da mamãe? E a menininha raquítica: “Gosto mais de carne.”
Pois bem. O deputado mineiro Júlio Delgado, candidato do PSB à presidência da Câmara, levou suas pretensões políticas para um passeio em Pernambuco. Reuniu-se com o governador Eduardo Campos, presidente do partido. Pediu-lhe que fizesse uma declaração pública de apoio à sua candidatura. Descobriu que, entre a perspectiva da derrota e a solidariedade a um aliado em apuros, o mandachuva do PSB gosta mais da sua fama de político vitorioso.
“A bancada já o apoia. Mas não é o caso da direção partidária, dos governadores e prefeitos [do PSB] se intrometerem numa eleição que é própria da Câmara”, disse Eduardo Campos aos repórteres. “Fui deputado federal três vezes e estadual por um mandato e acho que esse debate deve ser travado no Parlamento. O que posso dizer é que, se fosse deputado, votaria nele.”
Como que farejando o triunfo do favorito Henrique Eduardo Alves, do PMDB, Eduardo Campos declarou, com outras palavras, o seguinte: me incluam fora dessa. E Delgado: “Não saio desanimado da conversa, pelo contrário. Foi uma sinalização clara de apoio.” Heimmm?!? “Hoje, a Câmara tem dois caminhos”, aditou o azarão do PSB. “Ou cai no inferno astral, com uma série de denúncias, ou tem uma proposta de mudança.”
Referia-se às acusações que assediam o antagonista Henrique Alves. O diabo é que, entre o inferno alheio e a pseudomudança que o candidato do seu partido diz encarnar, Eduardo Campos prefere deixar como está para ver como é que fica. Pragmático como a menininha da crônica, o governador parece intuir que a encrenca da Câmara, se vier, será um problema para Dilma Rousseff. E tudo que é problemático para Dilma é vitamina para o seu projeto pessoal.

Fonte: Josias de Souza
Foto: Alan Marques/Folha

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