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quarta-feira, 11 de julho de 2012

DEMÓSTENES TORRES VAI A JULGAMENTO NO PLENÁRIO.

Considerado até março pelos colegas como um dos principais quadros do Congresso Nacional e que chegou a cogitar se lançar candidato a presidente da República em 2014, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) deverá entrar para a história dos 186 anos do Senado como o segundo parlamentar a ter o mandato cassado por quebra de decoro parlamentar, na votação secreta marcada para hoje. Colegas de Senado calculam que Demóstenes terá o mesmo destino do inexpressivo senador Luiz Estevão (PMDB-DF), que, há 12 anos, deixou a Casa por mentir aos colegas sobre o seu envolvimento no desvio de verbas federais na construção do Fórum do Trabalhista de São Paulo.
Demóstenes deverá voltar ao cargo de procurador de Justiça de Goiás, do qual se licenciou em 2001 para se eleger a primeira vez senador. No retorno, está na iminência de ser investigado pelos colegas de Ministério Público, suspeitas que podem levá-lo a perder o direito à aposentadoria vitalícia, se for condenado.
O senador goiano tenta provar que, assim como Estevão, não mentiu aos pares a respeito de seu envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Àquela altura, a Polícia Federal descobriu que os dois tinham trocado 300 telefonemas. Mas a falta de respaldo dos colegas é apontada como crucial para sua cassação.
"Na hipótese de o senador ter o mandato cassado, é preciso que o MP de Goiás, o MP Federal e o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) apurem o fato de Demóstenes ter usado a sua influência e seus conhecimentos para defender interesses de Carlinhos Cachoeira dentro do Ministério Público", afirmou o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, Alexandre Camanho. "Ele não pode ser duplamente condenado", rebateu o advogado de Demóstenes, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, para quem o parlamentar não tem "plano B".
Isolado - Uma série de fatores levará Demóstenes à cassação, preveem seus colegas. Na já pequena oposição, da qual foi líder do Democratas, o senador ficou praticamente isolado desde que deixou o partido para não ser expulso no dia 3 de abril. Na base aliada, por sua postura contundente contra o governo e arrogante, segundo os colegas, colecionou desafetos como o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Eunício Oliveira (PMDB-CE), e o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). Os três têm muita influência sobre os votos dos pares.
Demóstenes, que chegou a pedir a cassação de Renan quando ele presidia o Senado, tentou se aproximar do líder peemedebista nos últimos dias na esperança de salvar o mandato. "Vamos cassá-lo", resume um líder peemedebista, integrante da maior bancada da Casa, com 19 senadores.
No primeiro discurso que fez em plenário, dia 6 de março, o senador negou ter concedido qualquer favor a Cachoeira. O senador disse apenas ser amigo, tendo recebido dele um presente de casamento avaliado em R$ 50 mil. Ele afirmou ainda que não sabia que Cachoeira, preso dias antes pela PF na Operação Monte Carlo, estava envolvido com o jogo do bicho.
O senador, contudo, foi atropelado pelos vazamentos das conversas entre os dois nos últimos quatro meses. Ao Conselho de Ética, Demóstenes admitiu que teve a conta de um aparelho Nextel, que recebeu de Cachoeira, paga pelo contraventor. Uma deferência que Cachoeira só repassava para o chamado "clube do Nextel", de acordo com as escutas.
"Cassar um senador porque recebeu um aparelho Nextel é muito cruel, é desproporcional", afirmou Kakay, para quem este é "o ponto mais delicado" para a defesa. O advogado encerrou ontem a entrega a todos os 80 senadores, no gabinete ou em mãos, de um memorial com a defesa do parlamentar: os discursos feitos por Demóstenes em plenário desde a semana passada e a defesa que o senador fez ao conselho no dia 25 de julho.

Fonte: Agência Estado/Tribuna do Norte

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